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Protágoras

No início do Protágoras Sócrates dispensa Alcibíades em favor de uma discussão filosófica. A explicação vem mais tarde: o famoso cálculo dos prazeres. Alcibíades seria um prazer efêmero enquanto a discussão filosófica algo duradouro.

Estaria nesse tipo de cálculo a origem da virtude e da felicidade humanas. O algo duradouro acima é a paz de quem age bem. A discussão filosófica é útil para você aprender a fazer os cálculos certos, e se você os faz você é corajoso, justo, prudente e moderado.

Talvez por exemplo se você calcula que vale mais a pena assumir um risco hoje para salvar seu amigo, do que preservar-se a si mesmo, isso te leva a ter coragem e uma satisfação pelo resto da vida.

Mas o cálculo é difícil, muitas vezes não temos todos os elementos, muitas vezes duas decisões podem parecer igualmente virtuosas, isso não é tão fácil.

Agora, vamos ver o seguinte. Muitos torturados jamais dispensariam Alcibíades para conversar com Protágoras.

Qual o cálculo deles?

Há uma coisa aí para se pensar. Essa gente está exausta. O esforço foi demais. Querem descansar de qualquer maneira que seja.

Eu creio na teoria dos lugares. A alma viaja e muitas vezes descansa fora do corpo. O sexo pode fazer a alma sair do corpo.

O cálculo é razoável. A discussão filosófica, por melhor que seja, não te faz viajar. A alma não descansa. E o descanso é tudo que se quer.

E daí surge uma obsessão pelo sexo.

Só que não funciona bem. Porque esses lugares onde a alma vai durante o sexo não descansam tanto. E a pessoa ao lado os traz de volta da viagem muito cedo.

Aí que está.

Voltando à discussão de ontem. A ética é fundamental?

Alguns vão dizer que não faz sentido. Talvez pela necessidade de um descanso a qualquer preço agora mesmo.

Mas o meu cálculo é o seguinte: eu também fui em certa medida torturado e fiquei exausto. Só que percebo que nenhum prostíbulo vai solucionar. É preciso viajar bem para descansar de fato.

E há um lugar todo escuro sem nada. Indo lá a alma dorme um pouco e volta um pouco mais revigorada. Até mesmo se você nem percebe que viajou.

Agora, para chegar nesse lugar o sexo não ajuda nada. Só atrapalha. Você tem que ficar com a mente quieta. Aí você vai lá.

Nem todo livro de filosofia vai fazer isso. Mas o bom estudo depois de um tempo na minha percepção vai ajudar. Você consegue esvaziar a mente. Parar com a paranoia pelo menos por um tempo e ganhar um pouco de fôlego.

A alma vai lá e volta disposta a aguentar mais uma sessão de tortura.

Dar todo dia não vai nunca funcionar. O comportamento ético não resulta disso. A confusão continua. A alma continua exausta. No dia seguinte só pensa em dar de novo, e assim vai.

A solução é uma só: conseguir esvaziar a mente . Aí a viagem vai descansar. E especulo por motivos explicáveis pela física: a alma dorme fora do corpo.

Por que a música?

Não tem ganho óbvio. Gasta-se energia preciosa não resultante em alimento. Você não está caçando enquanto ouve música. Como explicar isso?

Alguém pode sugerir que a música serve para manter o grupo humano unido.

Eu acho que é mais material mesmo a questão. A música leva os ouvintes para alguns lugares onde eles todos descansam, e sem a preocupação de que o indivíduo ao lado vai reclamar da sua ausência e abreviar sua viagem. A música é um recurso de reposição energética. Calculável por um bom biólogo.

É interessante que povos primitivos às vezes entram em transe após uma música monótona durante longo tempo. O transe talvez seja uma viagem, sabe-se lá.

De qualquer maneira minha tese é que o sexo é uma solução precária para o stress.

É ilusório. Imediato demais.

Vale mais aprender outras viagens. Não sou usuário, mas é capaz que maconha funcione melhor. Acalma e deixa viajar.

E percebamos a antiga lição: não sabemos nada, e isso é bom, porque assim a mente fica vazia.

O próprio cálculo socrático dos prazeres pode se tornar inconveniente. Você pedir para alguém calcular o tempo todo vai cansar a pessoa. E daí que a pessoa vai dizer que a prioridade é mesmo o sexo, que a ética não resolve nada.

Mas é preciso fazer as coisas bem feitas. Sócrates descansava. Simplificava os cálculos. Sabia quando não tinha elementos.

Quem não gosta de lógica se beneficia mais de outros pontos de vista. O budismo por exemplo.

E eu como Chu Hsi no final da vida, acho que seguir os caminhos que segui é complicado mesmo. Fica parecendo que é mais fácil viver em função de orgasmos.

Outros vão garantir que minto. Que quero agradar meu pai. Que não aparece aqui minha verdadeira opinião.

Não é assim. Na própria lógica desse texto viajei e descansei um pouco.

Só não fico melhor porque tem filhos da puta fazendo barulho para me desconcentrar e voltar do bonito lugar onde estive por alguns minutos.

Delenda Cartago.





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