Sobre o amor
Na adolescência quando eu amava a Mariana e ela parecia me amar de volta, dava a impressão de algo mágico, envolvente, maior que o resto.
Parecia ali que resolvíamos boa parte da vida.
Como Capitu e Bentinho.
Mas hoje, tempos depois, e Escobar depois, tudo é preto e branco. Mesmo Mariana me amando já não é o mesmo.
O technicolor já se foi. Agora na alta definição, já não há magia.
Aquela coisa fantástica de alguém te amar, hoje cheira a engano.
A moça diz , eu te amo; respondo, tem certeza?
Já não é o mesmo.
A Mariana pensa que conta muito o amor intenso. Mais me parece que ela se meteu numa ilusão do que qualquer outra coisa.
O problema talvez seja Deus. Agora eu o quero como partícipe do casamento. Já não é mais a dois.
Alguém dizendo que gosta bastante de mim é bom, mas minha vida não se encerra nisso.
A Mariana precisava entender : " Te amo loucamente". O problema é esse loucamente.
A frase não me atinge como ela pensa.
E , além disso, suspeito muito de outras coisas em jogo; quais sejam sua imagem, seu prestígio, por aí.
Mariana, vc se casou com um cara, pelo tamanho do órgão. E fala de amor.
Isso é a prova da falsidade dessas declarações.
Fique aqui como lição vinte e cinco da vida.
A mulher casa-se para contar por aí que o marido o tem grande, e depois diz que nos ama, e que isso está acima de tudo.
Não vou escrever exatamente os subúrbios, mas também rompo com o romantismo, e meu livro tem esse tema.
Repito: a história de uma mulher altamente artística, que espalhava ter se casado com o Picasso, e depois vai dizer ao corno que o ama mais que tudo, e que é a razão de sua vida, só ele não percebe.
E era o destino inevitável. Ela queria uma interação intensa demais comigo. E, muito narcisista, achava que podia me maltratar. Aquele amor lá por trás justificava tudo.
Naqueles maus tratos iniciais já estava a mulher amante do grande.
Já estava lá a mulher que enlouqueceria.
Tentei fugir , mais ou menos consegui, mas algo com os deuses deu errado.