Tese pessoal minha sobre o regime militar
Controlar o povo é a preocupação das elites desde Ur. Até o partido comunista russo preocupava-se com isso.
Mas não podemos pensar que a elite é uníssona. Tem aqueles que acham um faraó monoteísta uma temeridade que tem que ser derrubada.
Então em 64 havia lá uns movimentos de esquerda, havia João Goulart.
E aí, setores da direita, setores americanos, acharam que era melhor um golpe.
Porém, outros setores brasileiros achavam confortável a democracia, possivelmente achavam uma vitória de Juscelino Kubitscek uma boa alternativa.
Pra mim, o conflito era esse. Um conflito interno da direita. Que talvez se apaziguou com o assassinato de Juscelino.
Os militares conversavam mais sobre pessoas de direita que os incomodavam do que sobre a esquerda armada.
Possivelmente, provavelmente, havia ali uma disputa financeira. Havia gente da direita ganhando dinheiro com a ditadura, e gente da direita não ganhando.
Um movimento de estudantes, sem apoio popular não tem chance, nem incomoda.
O comunismo assombrava, não há dúvidas. O medo estava lá. Mas a minha tese é que mais incomodava o outro direitista achando que a tática estava errada.
Foi uma briga interna da direita. Muito mais do que um combate à esquerda armada.
A intenção era evitar eleições onde ganharia Juscelino, aliado de setores de direita desgostosos dos militares.
De repente também, os próprios americanos mudaram de ideia, e passaram a achar os militares parceiros inconvenientes. Não sei. Não compro que a causa disso foi a truculência dos militares. Deve ter sido outra coisa. Cálculos de evitar o efeito dominó, mas também, não vamos esquecer, essa gente não pensa só no dominó, tem também a conta bancária. Se alguém incomoda suas trapaças, independente do dominó, você quer tirar a pessoa da jogada.
Imaginei esse diálogo fictício:
Sr Juscelino como está? Aqui é John John Jonhson da Atapir!
Como vai sr Jonhson?
Vou bem. Gostaria que o sr assinasse aí um papel para a venda de concreto lá para Brasília.
Ah, isso aí. Rapaz, eu falei com o Israel, isso não me interessa não.
Ah, sim, claro. O sr gostaria do depósito lá nas Maldivas?
Olha , o Israel me disse que isso aí não interessa não.
Mas como? O sr acha que eu lhe fiz algo?
Não. É só que não interessa.
Mas não entendo. Quanto o sr quer?
Olha você está me torrando a paciência.
Mas como? Vai trinta milhões aí na sua conta!
Olha o sr vai tomar no cu!
Aí, esse empresário americano, volta para os estados unidos, e comenta lá: o presidente do Brasil recusou trinta milhões e me mandou tomar no cu. Outros empresários ficam sabendo, e surge todo um movimento para evitar a eleição dele. Não porque ele recebeu Luís Carlos Prestes no palácio, mas porque ele quebrava certos esquemas lá.
Havia vários conflitos. A melhor tática de evitar a esquerda e também os esquemas de lucros.
A minha tese é essa. Não foi gente tão preocupada com a guerrilha. Isso era minoritário. A preocupação que se tinha com a esquerda, era a possibilidade de outras coisas acontecerem. Acho que por exemplo uma vitória de Leonel Brizola no rio grande do sul era citada dez vezes mais nas conversas lá do que mr8. E a preocupação com o lucro imediato também estava lá. Tem gente que fica de fora dos esquemas e reclama.
Por que o embaixador americano sequestrado tinha poucas informações sobre a tortura de prisioneiros políticos?
Porque ele estava preocupado com outros assuntos. A cia sabia, mas eram outras coisas lá na cabeça do embaixador. A atapir ligava e reclamava do Juscelino, não de meia dúzia de estudantes.
Não surgiu por causa da guerrilha, e não terminou por causa da guerrilha.