Um casamento diferente
Ela chegou do interior com medo. Será que na faculdade se repetiria o pânico dos tempos do primário?
E começou a jogar. Percebeu duas coisas: podia mentir que era de esquerda, e podia usar o sexo como moeda ( por algum motivo era atraente).
Depois de algumas vendas, arranjou um namorado. Ele não era italiano, o que seria bom para contrariar a mãe, para quem os italianos eram uma raça superior, só perdendo para os alemães.
Ele achou que ela o compreendia. Ele era diferente. Bem mais tarde, o filho iria pensar que ele era judeu. Um povo mais introvertido, mais sensível, e com sensação de exclusão.
Na época. parecia que ela acompanhava. Ele acreditou.
Bem mais tarde, já casados uma aluna o seduziu. Parecia mais compreensiva que a mulher.
Deu muito azar, a mulher descobriu.
E aí, o choque da vida.
A brutalidade inesperada. Toda a compreensão que ele julgava ter desapareceu. Ela era vulgar, como todos que o excluíam. Ameaçava separar-se, sem qualquer chance de diálogo.
E também, a descoberta da vida dela. Ela viu medo no marido. E teve prazer! Ela descobriu que podia amedrontar!
Mais tarde o filho queria estudar na Itália. Tentou uma bolsa de estudos.
Ela não perdeu a chance: seu filho quer ir para a Itália porque lá pode ser viado sossegado.
Acabou aí com a relação dos dois.
Ele passa a achar que perdeu o filho da mesma maneira que a mulher. O problema não é exatamente a opção sexual, o problema é que o filho, antes tão companheiro, agora vai se revelar vulgar igual a mãe. O melhor amigo estava perdido! Igual como tinha perdido a mulher!
Ele não aguentou. De fato ficou um pouco pirado. Já não sabia mais o que fazer da vida.
A mulher óbvio, gostava muito. E ainda por cima, apesar de tudo, ele ganhava dinheiro.
Mais tarde, o filho tenta o suicídio.
Ela fica indignada. Ele não sentiu medo! E fazê-lo ter medo passa a ser sua obsessão.
A mãe dela colabora muito. É a chance de atacar a etnia diferente. Por a culpa no coitado! Intimidar o coitado!
E o filho, ela tinha que ver com medo. E aí, uma nova descoberta. Existem drogas que provocam medo! Ela consegue, de novo sabe-se lá como, que se use mesmo uma droga proibida, a rauvolfia. O filho entra em pânico. Tudo que ela quer é que isso se repita. A delícia de ver aquele merda que não teve medo de se matar agora com pânico era tudo que tinha pedido a Deus, ou ao Diabo, mais provavelmente.
O filho tinha se apaixonado. Coisa que ela não conseguia entender. Como é isso de amor? O que eles sentem um pelo outro? A vida não é só competição? Mas eles parecem ter um sentimento fora disso. Parecem ver sentido na vida a partir do amor. O que se passa? Essa menina não está se vendendo, ela parece pensar diferente.
Aquele amor a confundiu sobremaneira. Ainda por cima, as pessoas elogiavam o bonito sentimento do casal. Tudo que ela sabia, era que podia se vender. Dar a impressão de mulher moderna, desimpedida. Mas ali tinha algo diferente! Algo puro. Algo de Deus.
E a competição eles ganhavam dessa maneira. Isso o que mais feria. O prestígio do filho e da outra. Ela achava que sabia competir. Mas agora...
Só que! A menina tinha medo de perder o filho dela! Medo! O maior prazer dela aí de novo! Ver a menina com medo! Aquela vaca que falava de amor e ganhava a competição agora também intimidada!
O japonês chegou como quem chega do nada. Seu marido é mau, ele falou. E aí começou uma das mais macabras cooperações da história.
O pai da menina tinha sido torturado. O japonês e essa dama passam a ter uma diversão sombria. Os três com medo! A filha do coitado, o coitado, e o filho dela.
A dupla arranja tudo. Rauvolfia só o começo.
Depois de um tempo, o japonês fala: olha, ele vai ter medo que sra morra e ele fique sem dinheiro.
Ela responde: melhor que isso! Vamos simular agora uma crise financeira! Isso junto com rauvolfia vai acabar com ele!
E é o que fazem.
Não tem essa tragédia na Grécia antiga. É difícil um autor conceber uma mãe tão má.
Mas aconteceu!