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Uma história de amor

Escapou ao banquete. Com ajuda de um feiticeiro africano hoje penso em termos de experiências extra corpóreas.

Veja-se o amor da minha adolescência. Existe um lugar bastante frequentado por adolescentes.

Não me refiro à uma danceteria, é um lugar abstrato, no espaço onde a alma vai.

É o lugar habitado pela ideia de amor. Quem vai lá entende o amor em profundidade e não tem mais como fugir dele.

Quando eu olhei para uma adolescente, o olhar dela me induziu a ir até esse lugar. E depois o meu olhar a induziu a fazer o mesmo. O processo foi de feedback positivo.

E depois piorou. Porque ambos percebemos que frequentávamos o mesmo lugar.

E aí que começamos a ir lá dez vezes por dia.

A alma ia até lá. Fica lá um tempo e volta, às vezes insiste em ficar lá, momento em que os em torno veem aquele olhar vago, aquele sintoma todo.

É eufórico. Porque um vê um e o outro vê o outro.

O problema principal da vida da minha mãe é que ela não conhece esse lugar. Ela vê que tem gente que vai lá, mas ela não consegue, fica curiosa.

No lugar do ciúme ela é assídua.

O que começou a azarar minha vida.

Eu fui para o lugar dos conceitos lógicos. Vou para esse lugar desde os quatro anos de idade. Motivo pelo qual muita gente já ficou espantada.

E passei a pensar a partir desse lugar.

Aí, a moça estranhou. Eu não estava mais no mesmo lugar que ela.

Em parte porque minha mãe me fazia sair do lugar do amor. Isso acontece. Inconscientemente as pessoas tem raiva do próximo estar viajando, e interferem na viagem.

Outro motivo foi o corpo biológico. A sobrevivência desse depende de estarmos nesse mundo.

Assim deixei de frequentar o lugar do amor.

Mas a moça não.

Coitada, foi induzida pelos olhos da minha mãe a ir para o lugar do ciúme. Isso acontece. Os olhos são o portal desses lugares. A pessoa vê um olhar e é induzida a viajar para a origem do olhar.

A moça passou a achar que eu não mais amava porque habitava agora a ideia de machismo. Não era. Era o lugar da lógica. Mas ela não tinha como saber.

E assim se acabou essa história de amor.

A visão de Alcibíades é mais engraçada, concordo, mas a minha é mais atual.


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